Em 2007, dois submarinos russos mergulharam no Oceano Ártico (4 mil metros) e colocaram uma bandeira russa numa zona da plataforma continental conhecida como o Lomonosov Ridge. Bem no centro da Bacia Ártica, a bandeira enviou uma mensagem às nações vizinhas. A Rússia tinha acabado de reivindicar as vastas reservas de petróleo e gás existentes neste território subaquático.
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A dramática demonstração de poder da Rússia não teve peso legal, mas não é a única nação que está tentando reivindicar o vasto depósito de petróleo e gás do Ártico. Estados Unidos, Noruega, Suécia, Finlândia e China estão tentando lucrar. Não é de admirar, os estudos mostram que a área de terra e mar que se encontra dentro do Círculo Ártico contem cerca de 90 mil milhões de barris de petróleo, 13% das reservas da Terra. Estima-se também que contenha quase um quarto dos recursos de gás ainda por explorar.
A maior parte das extrações de petróleo nesta região até agora é em terra, porque é de mais fácil acesso. Mas agora, os países estão fazendo esforços para começar a extração offshore, onde está 84% do petróleo. Mas como existe tanto petróleo no Ártico?
" O Ártico, ao contrário da Antártica, é um oceano cercado por continentes", disse Alastair Fraser, geocientista do Imperial College London, à Live Science. Em primeiro lugar, isso significa que há uma enorme quantidade de material orgânico disponível, na forma de criaturas do mar que vão morrendo, como plâncton e algas, que formam a base do que acabará por se transformar em petróleo e gás. Em segundo lugar, o anel circundante de continentes significa que a Bacia Ártica contém uma grande proporção de crosta continental, que representa cerca de 50% de sua área oceânica, explicou Fraser. Isso é significativo porque a crosta continental, contrariamente à crosta oceânica, que compõe o restante da área, normalmente contém depressões profundas chamadas bacias, nas quais a matéria orgânica afunda.
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Aí, a matéria orgânica fica incrustada no xisto e preservada em águas 'anóxicas', o que significa que contêm pouco oxigênio. "Normalmente, num mar raso com muito oxigénio, não seria preservada. Mas num mar profundo suficiente, o oceano será estratificado, ou seja, as águas oxigenadas no topo serão separadas das condições anóxicas na base. Conservada dentro dessas bacias, privadas de oxigénio, a matéria mantém compostos que finalmente a tornam útil como fonte de energia milhões de anos mais tarde.
Á medida que as montanhas vão sofrendo a erosão ao longo de milénios, os continentes também fornecem uma grande quantidade de sedimentos, transportados através dos rios para o mar. Esse sedimento flui para as bacias, onde cobre o material orgânico e, com o tempo, forma um material duro, porém poroso, conhecido como "rocha de reservatório", disse Fraser. Milhões de anos mais tarde, esse processo de camadas repetidas colocou o material orgânico sob uma imensa pressão e aquece.
"A temperatura dos sedimentos nas bacias aumenta aproximadamente 30 graus centígrados a cada quilometro de profundidade", disse Fraser. Sob esta pressão intensificadora e calor, o material orgânico transforma-se gradualmente em óleo, e com as temperaturas mais altas forma gás.
No entanto, só porque o petróleo está lá, não significa que deva ser extraído, dizem muitos conservadores e cientistas. O afastamento do Ártico, seu gelo marítimo espesso e em movimento e icebergues à deriva farão com que seja um enorme desafio logístico extrair petróleo e gás com segurança.
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"Eu realmente não apoio, porque a indústria não tem a tecnologia para fazê-lo com segurança e de forma ecologicamente correta", disse Fraser. "Algumas pessoas vão argumentar que ninguém poderá fazer isso no Ártico de uma maneira ambientalmente amigável."
Não é apenas o aumento do risco de derrames se fizerem perfurações, o que é preocupante. Os conservadores também se preocupam com a exploração sísmica, que "envolve a execução explosões para enviar ondas de choque para o solo que retornam informações sobre a geologia subjacente", disse Rose à Live Science. Isso causaria uma perturbação óbvia para a vida selvagem. A construção de estradas e oleodutos acabará com a paisagem intacta e trará um número crescente de pessoas, o que intensificará a pressão sobre a vida selvagem.
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De fato, a situação no Refúgio do Alasca é apenas uma amostra do que poderia acontecer em outras partes do Ártico, se os projetos de extração de petróleo e gás seguirem em frente. O risco de derrames de petróleo no mar aumenta, porque seria impossível conter, com efeitos potenciais incalculáveis na vida marinha . E alguns cientistas dizem que a maior ameaça é a mudança climática. Levar esses combustíveis fósseis à superfície levaria a mais uso de combustível e mais emissões para nossa atmosfera.
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Fonte//LiveScience
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