As estrelas de nêutrons, que contêm mais massa do que o sol, mas tem um diâmetro de apenas alguns quilômetros e são objeto de intensa observação astronômica.
Os cientistas descobriram um desses objetos ultradensos emitindo radiação infravermelha mais brilhante do que esperavam e numa área muito ampla, maior do que o nosso sistema solar.
O que poderá ser a origem desse estranho sinal? Existem algumas hipóteses para explicá-lo. Qualquer uma delas, se comprovada, seria uma descoberta importante.
Estrela de nêutrons e infravermelho
Quando uma estrela atinge o fim de sua vida, normalmente torna-se numa supernova e depois explode. Depois do colapso, se tiver massa suficiente, forma um buraco negro. Se não tiver, forma uma estrela de nêutrons.
Como o nome sugere, tal estrela é composta principalmente de nêutrons compactos. Se for altamente magnetizada e girar com rapidez suficiente para emitir ondas eletromagnéticas, é chamada de pulsar.
No entanto, um grupo internacional de cientistas da Universidade Estadual da Pensilvânia (EUA), Universidade do Arizona (EUA) e Universidade Sabanci (Turquia) observou algo interessante nos dados do Telescópio Espacial Hubble, da NASA: um longo sinal de luz infravermelha emitido perto de uma estrela de nêutrons.
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Esse sinal, a cerca de 800 anos-luz de distância, era “estendido”, o que significa que estava espalhado por uma grande area, ao contrário de sinais “pontuais” típicos de estrelas de nêutrons que emitem raios-X.
Especificamente, o sinal estende-se por 200 unidades astronômicas (UA) no espaço, ou 2,5 vezes a órbita de Plutão ao redor do sol.
Sinais estendidos semelhantes já foram observados antes, mas nunca infravermelho. Com base nesses dados anteriores, a quantidade de radiação infravermelha é muito maior do que uma estrela de nêutrons costuma emitir.
Assim, toda a emissão que os cientistas observaram provavelmente não vem só da estrel, há algo mais junto com ela. “A emissão está claramente acima do que a própria estrela de nêutrons emite, ela não vem apenas da estrela de nêutrons”, disse a principal autora do estudo, Bettina Posselt, professora da Universidade Estadual da Pensilvânia.
A estrela de nêutrons em questão, RX J0806.4-4123, é um dos pulsares de raios-X conhecidos coletivamente como os “Sete Magníficos”.
Esses pulsares giram muito mais lentamente do que estrelas de nêutrons típicas (uma rotação de RX J0806.4-4123 leva 11 segundos, enquanto pulsares normais giram em uma fração de segundo) e são muito mais quentes do que é normal.
Os Cientistas propuseram duas possibilidades para o que poderia ter se aproximado de RX J0806.4-4123 e emitido os sinais misteriosos.Um disco de poeira ou uma nebulosa de vento de pulsar.
Ambas as possibilidades representariam algo inédito para a astronomia.
Um disco de poeira, que poderia se estender por 28 bilhões de quilômetros em volta do pulsar, poderia ter se formado a partir dos remanescentes de uma estrela após uma explosão de supernova. Discos como esse já foram dados como existentes, mas nunca encontrados.
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A parte interna de tal disco provavelmente teria energia suficiente para produzir luz infravermelha. Isso também poderia explicar por que RX J0806.4-4123 é tão quente e gira tão devagar.
A segunda explicação é que talvez o sinal infravermelho venha de uma nebulosa de vento de pulsar próxima.O vento de pulsar pode se formar quando elétrons de uma estrela de nêutrons são acelerados num campo elétrico produzido pela rápida rotação e forte campo magnético da estrela.
O vento de pulsar é tão forte que faz um buraco no disco da estrela.
Conforme se move através do espaço, mais rápido que a velocidade do som, colide com o meio interestelar, aqueles minúsculos pedaços de gás e poeira que estão entre os grandes objetos celestes. A interação entre o meio interestelar e o vento do pulsar pode produzir o que é chamado de nebulosa de vento de pulsar, objeto capaz de emitir radiação infravermelha.
No entanto, essas nebulosas são tipicamente vistas emitindo raios-X, então uma nebulosa de vento de pulsar que irradia apenas infravermelho seria definitivamente uma descoberta interessante.
A observação poderia ter outras explicações?
Talvez. Por exemplo, a radiação infravermelha pode vir de trás do pulsar. Contudo, a análise da equipe revelou que tal coincidência seria muito improvável. Também excluiu a possibilidade de ser uma interação entre a luz e a poeira entre as estrelas.
Os cientistas agora vão observar o pulsar noutros comprimentos de onda de luz. Porém, para mais detalhes, terão que aguardar pelo desejado e atrasado Telescópio Espacial James Webb. Sua incrível precisão deve ser capaz poder visualizar o que os cientistas procuram, e concluir se é um disco ou uma nebulosa.
Fonte//Hypescience
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